O convívio sempre foi uma companhia

Texto escrito pelo aluno Gonçalo Jesus, 12.ºD2


O dia insólito e inédito vivido na segunda-feira faz relembrar um pequeno conto, de Manuel da Fonseca, "Sempre é uma companhia".

O conto relata o Alentejo, especificamente na aldeia de Alcaria, onde o quotidiano é monótono e secante. Os habitantes da aldeia, levantam-se, trabalham e deitam-se. A vida, na pequena aldeia alentejana, é uma "sonolência pegada". Um dia, uma telefonia visita a aldeia, com a passagem por uma venda, os vendedores dessa loja chegam a uma concórdia com a telefonia. A empresa deixa um rádio na venda, um simples rádio. A vida na aldeia de Alcaria sofreu uma revolução, onde os trabalhadores, após o dia de trabalho, se reúnem para escutar a rádio e confraternizar. Um pequeno aparelho fez com que a vida na aldeia se alterasse profundamente, a população deixou de ter uma vida, unicamente, focada no trabalho e fechada em si própria.

O paralelismo presente na situação do início da semana e o conto situa-se nas pessoas terem cessado a sua atividade monótona e terem discernido que o mundo à sua volta é muito mais que um telemóvel ou uma televisão. Essa profunda e breve alteração provocou uma maior convivência nas ruas e até, em alguns casos, um convívio à volta de um rádio, com a finalidade de entender a que se devia a inusitada situação. O rádio e o convívio sempre foram uma companhia.

É extraordinário reparar que as coisas mais simples e rudimentares que a vida nos oferece estão cada vez mais escassas, seja um passeio ou um colóquio com vizinhos. A sociedade está fechada em si própria. Avizinha-se uma possível sociedade solitária e ignorante, um retrocesso. O apagão pode gerar uma grande reflexão a quem tiver essa intenção, urge a necessidade de aproveitar a simplicidade.

 

 

Texto escrito pelo aluno Gonçalo Jesus, 12.ºD2

 


In English:

Adicionar comentário

Comentários

Ainda não há comentários.