Dia 23 de abril decorreu, na sede do nosso Agrupamento, uma sessão de reflexão tendo como base ou pretexto um documentário (High Tech High, Graduate) sobre um projeto de educação supostamente inovador e experimental com o qual se pretendeu superar as dificuldades e limitações institucionais e pedagógicas do ‘ensino tradicional’.
O projeto de um ensino centrado na figura do aluno, da sua iniciativa, interesses, motivações, empenho, autonomia, responsabilidade e assunção dos efeitos, consequências e produtos finais afasta a centralidade do professor e o peso da instituição.
Tal como o Diretor do Agrupamento sinalizou na abertura, não se trata de uma ‘receita’ e de uma proposta de transformação radical ou revolucionária, mas de uma sensibilização dos professores para a necessidade de se afastarem, por pouco que seja, das linhas condutoras restritivas dos programas e da perspetiva injuntiva da preparação para os exames nacionais.
Se era manifesto que os professores entraram para a sessão com algum ceticismo, a verdade é que se ‘envolveram’ depois num debate multitemático e dinâmico. Nesse encontro opinativo compareceram as aspirações e experiências pessoais, mas também uma visão crítica e ponderada acerca do estado da educação no país e a sua repercussão na atividade letiva.
A valorização da flexibilidade e a autonomização na abordagem dos programas foram assumidas; o propósito da disponibilização dos professores para dar a todos os alunos as mesmas oportunidades foi sempre destacado como prevalecente em todas as ‘interpretações’ programáticas e na prática pedagógica quotidiana. A dificuldade de relativização dos exames e o imperativo de cumprimento dos programas disciplinares foram lembrados. A impossibilidade de tornar abrangente esse tipo de experiências foi um tópico assinalado de forma realista. A comparação com outras experiências similares que ocorreram e decorrem no país permitiu desconstruir a ideia de que esse tipo de ‘experiências’ só se fazem no estrangeiro. A ideia de que se trata de uma total inovação também foi questionada. O aparente afastamento face aos objetivos e realizações próprias do ‘ensino tradicional’ foi devidamente posto em causa.
No dia seguinte à sessão, os professores puderam ainda dialogar sobre algumas questões julgadas por esclarecer, o que prova que a reflexão teve o mérito de manter o interesse e a produtividade do debate.
Texto escrito pelo professor António Caselas
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