
Consegues identificar a lenda que inspirou o poema?
Nos campos de São Miguel onde a brisa,
Sussurra segredos do mar e da serra,
Fujo do trono que o coração encerra,
Busco a liberdade que a alma precisa.
Um pastor surge, sua flauta improvisa,
Um canto que a terra e o céu desenterra;
Seus olhos verdes, que o meu peito aferra,
Acendem em mim uma chama imprecisa.
Ó pastor gentil, teu olhar me consome,
Teu riso é a luz que meu mundo renova,
Um juramento que o vento não some.
Na ilha, meu coração se renova,
E em ti, meu amor, encontro meu nome,
Um fogo que o fado ainda não prova.
No adeus, meu peito se rasga em tormento,
Minhas lágrimas caem, azuis como o céu,
Formam um lago onde guardo o meu véu,
Um grito preso no eterno lamento.
O rei me arranca do amor que sustento,
Teu vulto some, e o vazio mais cruel;
Sem teu olhar, o ar denso
Roubado ao vento por um juramento.
Junto ao teu lago, meu pranto se estende,
Azul e verde, tão perto, tão frágeis,
Um amor preso que o fado desvende.
Olho-te ainda, mas o coração nega,
Pois nosso amor, que a ilha compreende,
Parece que avança, mas nunca chega
Nos prados da ilha, onde o mar sussurra,
Toco a flauta sob a luz que se inclina,
Vivo na paz que o coração adivinha,
Até que um anjo meu canto procura.
Seus olhos azuis, um mar que se lança,
Despertam em mim uma doce vontade;
Seu riso é a chama que o peito degrade,
Um laço vivo que o coração alcança
Ó princesa, és a estrela que me guia,
Teu toque é o sonho que a alma redime,
Um amor puro que o campo irradia.
Na brisa da ilha, meu coração rime,
E juro-te, em cada nota que envia,
Um amor eterno que o tempo não prime.
No último instante, meu pranto se eleva,
Lágrimas verdes, um lago que chora,
Um vazio preso que o coração implora,
Um adeus que o fado em silêncio escreva.
Sem ti, princesa, a vida se releva,
Teu azul some, e a alma se deteriora;
Sem teu sorriso, meu canto se empiora,
E o peito guarda uma dor que se eleva.
Junto ao teu lago, vejo as nossas cores
Verde e azul, tão vizinhos, tão sós,
Um amor que agora gera dores
Olho-te ainda, mas perdeu-se a nós,
E embora a ilha esqueça os nossos temores
O destino corta o que uniu a minha voz
Um pranto preso na ilha canta,
Um amor que o fado roubou,
Um vazio que a indiferença formou,
Um lago onde o amor quebranta
Na alma, a saudade se planta,
E o tempo não fecha a ferida,
Uma situação sem saída
Que o coração eterniza,
Já que em São Miguel se localiza
Uma história de amor falida.
AGH ( aluno de PLNM, Colômbia )
Texto enviado pela professora Maria do Céu Almeida
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