Para os gregos antigos, a amizade e o amor tinham o mesmo parentesco. De tal forma que a sua distinção lhes era difícil de aceitar. Essa distinção, consagrada pela Psicologia, corre o risco de empobrecer a primeira e tornar incompleto o que nos habituamos a designar de nobre sentimento. Também o sabemos pelo perene conhecimento popular: o carácter revela-se, sobretudo, nos momentos difíceis.
As mulheres e os homens de carácter surgem à luz do dia nos momentos em que a finitude e a fragilidade do humano se tornam mais visíveis. Fui acometido desse flagelo que, ao mesmo tempo, sabemos que nos marca a todos e nos acompanha até ao apagamento irreversível do corpo.
No século XVII, a consciência racionalizada dessa fragilidade (não pela via da fé) foi superada apelando ao divino ou ao Omnipotente. Na época do Iluminismo essa solução revelou-se ineficaz e, desde então, resta-nos a sua irrecusável e incómoda companhia. Nenhum Deus ou Deuses poderão anular a nossa frágil natureza. Num momento em que me vi perante a face cruel desse abismo fui singularmente amparado.
Fora das relações estritamente pessoais deparei com a presença e a bondade insubstituível de ‘amigos de escola’, não meramente colegas. Os ‘colegas’ ausentaram-se da sua persona e surgiram os amigos, mulheres e homens de carácter. É disso que venho dar testemunho.
É certo que outros puderam comparecer posteriormente e isso em nada os diminui. Mas permitam-me registar apenas os nomes dos que compareceram mais diretamente, apesar de recusar a injustiça de esquecer os outros. Eles também estão presentes. Contudo, pela sua natureza, o testemunho privilegia a visibilidade. É apenas isso. Os nomes desses nobres: Gorete Coelho, Tânia Santos, Inês Goulart, Luísa Rodrigues, Vanda (Assistente técnica), Jorge Marrão, Hernâni Pinho, Brites, Cecília Almeida, Pedro Rocha, Eva, Encarnação e Sérgio Pinho. Se me esqueci de alguém manifestem, desde já, a vossa indignação. Fosse eu milionário e dar-vos-ia milhões, mas como pequeno-burguês só vos posso dar o meu coração. Espero que possa rivalizar com qualquer outra riqueza.
Professor António Caselas