Quem se lembra de O Cavaleiro da Dinamarca? E do encontro entre Pêro Dias e um nativo africano que, não falando a mesma língua, embora quisessem paz, acabam por morrer por causa de um mal-entendido. Os portugueses, em descoberta pelo mundo, percebem, ainda com algum espanto que, apesar das diferenças, em ambos corre o mesmo sangue. Este excerto lembra-nos a importância da língua na comunicação e na ligação entre povos e comunidades.
Por isso, no Dia Internacional da Biblioteca Escolar, a turma de Português Língua Não Materna (PLNM) juntou-se a uma turma de Humanidades do 11.º ano e todos partilhámos leituras deste excerto na língua-mãe de cada um. Alguns mais nervosos, outros mais à vontade, os alunos de língua estrangeira sentiram a sua língua e cultura valorizadas; os alunos de português como língua materna perceberam duas coisas fundamentais: por um lado, que a dificuldade dos colegas em falar português não é sinónimo de falta de cultura ou conhecimento, como às vezes se pode cair na tentação de pensar; além disso, compreenderam a dificuldade de ouvir uma língua estranha, que não se compreende e que pode provocar um sentimento de solidão e isolamento… Conseguirmos olhar o outro sem preconceito, conseguirmos colocar-nos no lugar do outro é a verdadeira inclusão. E numa escola inclusiva, isto tem de acontecer todos os dias.
Obrigado, pois, aos alunos de PLNM, que tão bem leram para nós, e à professora Céu Almeida, pela pronta colaboração com a ideia da Biblioteca.
Professora Luísa Rodrigues