Artigo de opinião escrito pelo Professor Pedro Rocha, AE de Santa Catarina
No quotidiano das escolas portuguesas há profissionais que, muitas vezes, trabalham nos bastidores e que passam, injustamente, despercebidos. Entre esses profissionais estão os auxiliares de ação educativa.
A sua função é, contudo, verdadeiramente fundamental para o bom funcionamento das nossas instituições de ensino, pois são estes que desempenham, sem qualquer dúvida, um papel crucial no suporte ao processo educativo, no cuidado com os alunos e na promoção de um ambiente escolar mais inclusivo e mais seguro.
Os auxiliares de ação educativa são, na maioria das vezes, os primeiros a entrar em contacto com os nossos alunos. São eles que, atenciosamente, logo de manhã, bem cedo, os acolhem na entrada das nossas escolas, que cuidam da organização dos espaços e dos materiais e que garantem que os horários são cumpridos. Esse trabalho, que pode parecer simples numa primeira instância, é essencial para que o ambiente escolar funcione de maneira harmoniosa. Para além disso, ao lidar com questões do dia a dia, como pequenos incidentes ou dificuldades emocionais dos alunos, estes profissionais são um ponto de apoio constante para os professores e para as próprias crianças.
Penso que, atualmente, um dos maiores desafios do nosso sistema educacional é garantir a inclusão de todos os alunos, independentemente das suas condições físicas, cognitivas, financeiras ou emocionais. Neste cenário, os auxiliares de ação educativa desempenham, também, um papel central, especialmente no acompanhamento de crianças com necessidades educativas especiais. São eles que oferecem um suporte individualizado, garantindo que os alunos participam plenamente nas atividades escolares e que se integram no ambiente da Escola, no geral, e no contexto próprio de sala de aula.
Os auxiliares de ação educativa são, igualmente, parceiros essenciais dos professores. Ao assumirem responsabilidades que vão desde o cuidado com a disciplina até ao suporte nas atividades práticas, eles permitem que os docentes se concentrem mais eficazmente no desempenho do seu papel.
Apesar da sua importância no bom funcionamento da Escola, os auxiliares de ação educativa continuam, ainda, a enfrentar uma série de desafios. A precariedade dos contratos, a falta de estabilidade e os salários baixos são uma realidade enfrentada por muitos destes profissionais. É, por isso, essencial que haja uma mudança de perceção em relação ao trabalho dos auxiliares de ação educativa, pois estes não são, apenas, funcionários de apoio; são agentes educativos com uma função pedagógica relevante. Ao garantir o bem-estar dos alunos, ao promover a inclusão e ao colaborar com os professores, estes profissionais contribuem diretamente para a construção de uma escola mais justa e equitativa.
Em conclusão, se queremos escolas que formem cidadãos capazes de enfrentar os desafios do futuro, é preciso reconhecer que a presença e o trabalho dos auxiliares de ação educativa são indispensáveis. Eles não são apenas "assistentes"; eles são, na verdade, alicerces que sustentam a qualidade da educação, os protagonistas silenciosos de um processo educativo que não se limita à sala de aula, numa escola que se quer inclusiva, humana e preparada para os desafios do século XXI.
Oeiras, 15/10/2024